No limiar de 2024

 

        A contagem regressiva já iniciou, estou a poucas horas do fim, assim que o sol se por hoje, amanhã será ano que vem e ontem será passado. Uma nova jornada se aproxima no horizonte, minhas pernas estão cansadas, meu espírito se sente quebrado, tento reunir o máximo possível de força para continuar seguindo em frente, mas meu corpo me sabota. As pessoas que eu amo dizem que tudo ficará bem, que sou capaz e posso ir mais além, eu busco enxergar em mim essa visão que elas tem quando me veem, só que eu ainda não consegui. Nas últimas semanas tenho me sentido como os pássaros dos meus vizinhos, enjaulados, presos e desesperançosos em relação à própria liberdade. O ano está acabando e parece que tudo que conquistei foi a retirada da minha independência, será que algum dia eu voltarei a ter aquela sensação novamente? Do vento tocando meu rosto enquanto eu desbravo lugares novos e nunca antes explorados? 2024 está partindo e com ele o meu livre-arbítrio, tudo que eu quero para 2025 é amor, paz e libertação, eu só quero me sentir livre, porém, talvez isso eu só consiga resolver depois. Então, deixemos a liberdade para amanhã. 

23 de Novembro - Hori

 

Hoje eu parei pra escutar meu coração, que só fala de você desde quando eu te vi. Hoje as lembranças já fazem parte desta canção que eu escrevi só pra você. Nós vamos estar juntos mesmo quando não estamos perto, já não importa mais o que ficou pra trás, agora é só eu e você! Venha e me mostre como tudo deve ser, marcou minha história mesmo sem querer, como tudo deve ser. Eu nunca achei alguém pra ser feliz, mas em você tem algo que me diz que tudo vai ser bem melhor pra mim. E você vem em câmera lenta e agora sua imagem fica em minha cabeça. Por nós dois, eu faço tudo.

As coisas jamais serão como eram antes

 

Aqui estou eu escrevendo novamente para pessoas que jamais leram ou lerão sobre meus pensamentos, mas estou aqui. É domingo de manhã para variar, e como todo período dominical, instaura-se aquele clima frio que só é ainda mais exaltado pela chuva caindo lá fora. Dias atrás estive pensando sobre como a juventude é inocente, quando se é novo, sua mente trabalha em prol de uma imagem super poderosa, imortal, imbatível, um reflexo de algum tipo inexistente de autocontrole, mas os anos subsequentes se encarregam de desmistificar essa elevação. Hoje eu vejo que as coisas jamais serão como eram antes, a vida faz questão de me relembrar toda vez que sinto um pouco daquela força da juventude, seja pela minha barba branca, meus cabelos em meu coro que já não são mais tão volumosos, meu corpo não mais combatente como era reafirma para mim. Acredito que no fim é sobre isso, você por trás de uma janela, observando o cenário lá fora, mas não de um lugar presente, você observa o passado e uma época em que você se sentia invencível, cegado pela inocência de que a vida e o tempo são adversários fáceis de serem combatidos. Eu só queria ter aproveitado mais, ter me jogado mais, não ter sentido tanto medo de errar, o presente só mostrou que os erros são inevitáveis.

O Tempo - Poema de Mario Quintana

 

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado…
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas…
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo…
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

O Faroleiro

 

        

    Em uma certa noite de inverno, uma cidadezinha costeira se encanta sob a luz potente de seu grande farol, administrado por um velho e ranzinza faroleiro. Diferente dos outros moradores daquela cidadezinha, que se reuniam todas as noites para celebrar a vida e o farol, o velho ranzinza vivia recluso, compenetrado nos trabalhos que sua função como faroleiro exigia. Todavia, em um certo ponto da madrugada, o farol apresentou um defeito técnico e sua luz, que direcionava todos os navios para longe das rochas, é apagada. 

    O faroleiro e todos os moradores percebem a situação, afinal, o farol é um grande símbolo da cidade, motivo de muita alegria e confraternização. O velho ranzinza sobe até o farol, buscando uma maneira de realizar a manutenção, quando escuta ao longe a aproximação de um grande navio. O faroleiro tenta sem sucesso consertar o farol, e a situação se agrava quando ele quebra uma das peças por acidente. Vendo o navio cada vez mais próximo do grande paredão de rochas da costa, tal situação poderia ocasionar um terrível naufrágio. 

    O velho solitário se enche de esperança ao olhar para as luzes da cidade, acesas pelos vários moradores, vizinhos estes que ele sempre evitou se relacionar. Deixando o orgulho de lado por um bem maior, o faroleiro une forças com seus compatriotas e juntos, utilizando várias lamparinas, eles salvam o navio de se colidir contra as rochas. No fim, o faroleiro aprendeu a maior lição de todas, que a maior luz não era a do farol que ele trabalhava, mas da união e do amor compartilhado por todos os que sempre estiveram perto dele, celebrando a vida.

Just Once - James Imgram

 

Fiz o meu melhor, mas acho que o meu melhor não foi bom o suficiente
Porque aqui estamos de volta onde estávamos antes
Parece que nada muda
Voltamos a ser estranhos
Nos perguntando se devemos ficar ou ir embora

Eu dei meu coração
Mas acho que meu coração pode ter sido muito
Porque Deus sabe que não estamos indo a nenhum lugar
Parece que estamos sempre soprando
O que quer que tenhamos
E parece, às vezes, com tudo que temos
Nós não temos uma oração

Só uma vez, eu quero entender
Por isso que sempre volta para a despedida
Porque é que não nos ajudamos
E admitir um para o outro
Que não somos nada bons sem o outro
Pegar o que há de melhor e aprimorar
Encontrar uma maneira de ficarmos juntos

Só uma vez
Não podemos descobrir o que estamos fazendo de errado?
Porque nós nunca duramos muito tempo?
O que estamos fazendo errado

Só uma vez
Não podemos encontrar uma maneira de consertar as coisas, oh?
De fazer a mágica durar por mais do que apenas uma noite?
Se pudéssemos consertar
Eu sei que poderíamos ir além

Só uma vez
Oh, sei que poderíamos ir além
Só uma vez

Perspectiva

 

                    É cômico quando percebemos que a felicidade é como um lampejo quase instantâneo. Ela chega, preenche-te completamente, como respirar e inspirar, e quando soltamos aquele êxtase de vida, esse estado de espírito desaparece novamente. Ser feliz não é uma constante, a vida é feita de momentos variáveis. Talvez um dia você acorde bem e no outro completamente diferente. Talvez a noite seja melhor que a tarde e assim vão os dias se diversificando. Mas não dá para se preocupar completamente com o incerto, precisamos viver o aqui e agora, sem o peso dos fantasmas do passado ou o medo do futuro misterioso, elabore em toda nova manhã uma perspectiva para enfrentar o hoje.

Eu ainda estou aqui

 

        

                Enfim, dia 2 de maio de 2024 chegou, uma das poucas datas que me fazem sentir algo diferente. Eu acordei mais cedo do que de costume, aliás isso tem sido uma constante nos últimos meses, não sou mais o mesmo homem que virava a madrugada em pensamentos e textos reflexivos, muita coisa mudou. Hoje, ao analisar tudo que conquistei e as coisas que eu poderia ter conquistado, eu penso menos no "E se" e aproveito mais todas as coisas maravilhosas que tenho na minha vida. Amadurecer leva tempo e todos fazem isso da sua própria maneira. A vida não tem nada a ver com uma jornada santificada, você vai ver errar todos os dias em que viver, o que vai contar é se você será o tipo de pessoa que só quer errar ou se aprenderá com cada um dos seus erros. Quando eu era mais jovem vivia tão certo em me colocar na posição da moral absoluta, que quando me deparei com as primeiras decisões moralmente questionáveis elas me derrubaram desse "pedestal integro". Eu não sei quem eu serei daqui a 20 anos, parte desses pensamentos me assustam. Só espero continuar com a mesma vontade de fazer o que é certo e com o mesmo espírito dentro de mim que não me deixa desistir daqueles que eu amo. Acima de tudo, desejo continuar sendo tão amado e cercado pelas mesmas pessoas que hoje são a minha fortaleza, o meu castelo, são a minha vida. 

Estradas sem fim

 

                Nos últimos meses eu tenho rodado por lugares que jamais pensei que um dia seria capaz de acessar. É um misto de medo, adrenalina, superação, sou eu me tornando mais forte e corajoso, amadurecendo. As estradas surpreendem a cada esquina, em suas curvas imperfeitas e no solo quebrado pelas ações dos homens, do tempo, do mundo. Eu ainda continuo seguindo, às vezes me questiono se é a direção certa, tenho medo de estar seguindo em uma direção que não me faça encontrar o que eu preciso. Acho que isso é viver afinal de contas, é prosseguir sem saber como será o final, sem um manual de instruções, é se deixar vivenciar cada experiência, as pessoas e situações, e lidar com as repercussões das nossas escolhas da melhor maneira possível. O mais importante talvez é não ter medo, pois com medo não se vive, não se arrisca, nem se ama. Eu não quero ter mais medo do que me espera no horizonte, no final das estradas que eu percorro, eu só preciso chegar até lá, eu vou chegar.